A PolĂcia Civil do Rio de Janeiro cumpriu hoje (8) 36 mandados de prisão preventiva contra homens acusados de perseguição e violĂȘncia psicológica contra mulheres no estado. A ação marca o Dia D da Operação Stalking, que chama atenção para formas de violĂȘncia contra a mulher que vão além da agressão fĂsica.
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A operação Stalking começou no dia 1Âș de agosto e comemora os 16 anos da Lei Maria da Penha, envolvendo as 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) do estado. Ao todo, foram expedidos 38 mandados de prisão.
A diretora do Departamento-Geral de PolĂcia de Atendimento à Mulher, Gabriela Von Beauvais, disse que a operação busca destacar os crimes de violĂȘncia psicológica e perseguição, que foram incluĂdos no código penal no ano passado. Ela afirma que o registro de ocorrĂȘncia por esses tipos de violĂȘncia pode gerar medidas protetivas e prisões, que ajudam a prevenir casos de agressão fĂsica e feminicĂdios.
"A gente quer destacar para essas mulheres que elas podem ser vĂtimas de vĂĄrios tipos de violĂȘncia, e não só da violĂȘncia fĂsica", disse a delegada.
"Sabemos que a grande maioria dos feminicĂdios não se inicia em um crime de feminicĂdio. É uma escalada de violĂȘncia que começa em uma violĂȘncia moral, psicológica, em uma perseguição, e vai aumentando essa gradação de violĂȘncia".
Segundo a diretora das delegacias especializadas, entre as 55 mulheres vĂtimas de feminicĂdio no primeiro semestre de 2022, somente 18% jĂĄ tinham registrado boletins de ocorrĂȘncia contra seus agressores nas delegacias.
"A violĂȘncia psicológica pode ser registrada. A perseguição pode ser registrada, e dĂĄ cadeia. HĂĄ prisão para esse tipo de violĂȘncia. As mulheres precisam, sim, fazer seus registros de ocorrĂȘncia", destaca Gabriela.
Os resultados da operação foram apresentados por delegadas de diversas delegacias especializadas de atendimento à mulher em uma entrevista coletiva de imprensa realizada nesta manhã, na Cidade da PolĂcia, na zona norte do Rio de Janeiro.
Entre os relatos apresentados pelas delegadas, sem identificar as vĂtimas, hĂĄ mulheres de diferentes classes sociais, profissões e idades, que sofreram violĂȘncias como perseguição no ambiente de trabalho e em casa, mensagens e ligações insistentes, e cerceamento de suas liberdades de ir e vir.
Como resultado, as vĂtimas deixaram de trabalhar, de ir à igreja e até de sair de casa. Em alguns casos, os homens jĂĄ ameaçavam as mulheres de morte e houve agressores flagrados em posse ilegal de armas que poderiam ser usadas em um feminicĂdio.
Titular da Deam de São João de Meriti, a delegada BĂĄrbara Lomba alerta que hĂĄ formas menos óbvias de violĂȘncia contra as mulheres, que muitas vezes envolvem manipulações psicológicas.
"A violĂȘncia psicológica aprisiona a vĂtima em um ciclo de violĂȘncia. Muitas vezes ela é levada a acreditar que ela tem culpa pelos próprios atos. Muitas vezes os fatos não chegam à polĂcia porque a vĂtima acredita que ela causar um mal ao agressor", pondera a delegada.
"É muito importante que a gente esclareça que as vĂtimas não são culpadas, elas são vĂtimas. Elas devem acreditar nas instituições e procurar a polĂcia para interromper esse ciclo de violĂȘncia".
Fonte: AgĂȘncia Brasil