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Dia Mundial da Água: solução para a Baía de Guanabara parece estar longe de acontecer

Com uma luta desde 1992 pelo Movimento Baía Viva, a Baía de Guanabara continua abandonada pelo poder público.

Por Breendon Santos 22/03/2024 às 18:28:50

Foto: Breendon Santos

O Dia Mundial da Água deveria ser uma ocasião alegre para o Rio de Janeiro, mas infelizmente se torna um dia triste e reflexivo. As águas do Estado, que emergem de suas fontes de maneira pura e transparente, acabam encontrando, em seu curso, um mar de esgoto, que é despejado, ao final, em uma enorme baía que clama por socorro.

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A Baía de Guanabara, lar de uma infinidade de vida marinha e sustento de mais de 14 mil pescadores, é palco de uma das maiores irresponsabilidades ambientais do Brasil. Nessas águas, pessoas morrem: seja consumindo peixes contaminados devido à poluição, ou por conta de tiros, como aconteceu com alguns pescadores de uma ONG em Magé, que defendem a Baía de Guanabara das mãos de grandes empresas.

Diversas embarcações, em sua maioria petrolíferas, encontram-se atracadas nessas águas, seja para abastecimento ou por conta dos portos situados ao redor da Baía.

Em 1992, durante a ECO-92, um evento internacional sobre meio ambiente realizado no Estado do Rio, o Movimento Baía Viva aproveitou para protestar contra a situação das águas. Na época, o pedido era por uma ação mais severa em relação aos navios abandonados na Baía, originando o termo "cemitério de embarcações".

O "cemitério de embarcações" inicialmente estava presente entre a Ilha da Conceição e o Canal São Lourenço, mas se espalhou por toda a Baía. Em 2001, a Universidade Federal Fluminense (UFF) identificou 61 embarcações abandonadas nas águas da Baía de Guanabara. Com o passar dos anos, esse número pode ter aumentado, causando danos ao ecossistema e à população local.

As embarcações abandonadas poluem as águas devido ao vazamento de óleo e à liberação de materiais pesados dos cascos, causando a morte de peixes e contaminando ainda mais o ambiente aquático, além de contribuírem para o assoreamento da baía.

O abandono das embarcações acarreta danos ambientais e prejuízos econômicos para as famílias que dependem da pesca como fonte de renda, uma vez que a quantidade de peixes disponíveis diminui a cada ano. O turismo também é afetado, assim como a população que utiliza as barcas diariamente, pois o lixo náutico pode prejudicar as hélices das embarcações.

Em 14 de novembro de 2022, o Rio de Janeiro foi tomado por apreensão após uma embarcação graneleiro, o São Luís, que estava abandonada na Baía de Guanabara, colidir com a estrutura da Ponte Rio-Niterói, causando um grande congestionamento. O ambientalista Sérgio Ricardo, diretor do Baía Viva, comentou sobre esse incidente.

"Diante dos sucessivos alertas ambientais dados por pescadores artesanais, ecologistas e jornalistas, tanto do Brasil quanto do exterior, durante mais de três décadas, sem que o poder público tomasse medidas, não podemos considerar o acidente com o navio sucata São Luís como um mero 'acidente', mas sim como um desastre ambiental previsível que, infelizmente, não foi evitado pela atuação preventiva de vários órgãos públicos responsáveis pela segurança da navegação e pela preservação ambiental na Baía de Guanabara", disse o ambientalista.

A Baía de Guanabara continua em segundo plano. Em 2016, houve esperança após a promessa de limpeza de 80% da baía para as Olimpíadas, porém essa meta não foi alcançada. Sem a visibilidade de um evento importante, as pessoas que dependem das águas da baía para sobreviver continuam aguardando uma atenção mais cuidadosa, enquanto os governantes fingem não enxergar.

Atualmente, cerca de 18 mil litros de esgoto são despejados nas águas da baía a cada segundo. Além do esgoto, é possível observar água de lastro de embarcações, materiais pesados e poluição. A baía ainda abriga vida, mas por quanto tempo isso será possível, é incerto.

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