Nesta sexta-feira (6), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), divulgou um relatório preliminar sobre o acidente do avião ATR da Voepass, que ocorreu no dia 9 de agosto em Vinhedo (SP) e resultou na trágica morte de 62 pessoas. Receba notícias do São Gonçalo RJ no seu Whatsapp e fique por dentro de tudo! Basta acessar o grupo: Clique aqui!
O relatório revelou que os pilotos do voo relataram problemas com o sistema de antigelo logo no início do voo. De acordo com o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, investigador-chefe do Cenipa, os tripulantes mencionaram falhas no sistema de degelo das asas, crucial para evitar a formação de gelo que pode comprometer a segurança da aeronave.
O relatório preliminar detalha que, às 12h15min42s (horário de Brasília), um alarme soou na cabine, seguido por uma mensagem de "Fault" no sistema de degelo. Poucos segundos depois, o sistema foi desativado e, nos minutos subsequentes, o alerta de detecção de gelo apareceu e desapareceu várias vezes. Às 13h20, o copiloto relatou "bastante gelo", e o sistema antigelo foi reativado pela terceira vez. No entanto, às 13h21min09s, a aeronave perdeu o controle, resultando em uma atitude de voo anormal até a colisão com o solo.
O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, afirmou que ainda não há confirmação de que a falha no sistema de degelo tenha sido a causa do acidente. "O que temos são declarações de tripulantes sugerindo uma falha no sistema de degelo, mas essa informação ainda não foi confirmada pelos dados disponíveis," explicou Moreno. Ele acrescentou que é prematuro definir a linha principal de investigação após apenas um mês de trabalho.
O relatório também revelou que, dois minutos antes do acidente, o copiloto relatou "bastante gelo" novamente, e o sistema de degelo foi acionado e permaneceu ativo até a perda de controle. A análise mostrou que o sistema foi ativado várias vezes, mas houve um período em que o avião voou por seis minutos sem o sistema ligado. A ativação do sistema após esse período pode ter sido insuficiente para evitar a formação excessiva de gelo.
Além disso, o Cenipa confirmou que o piloto não solicitou uma emergência à torre de controle para realizar um pouso alternativo, apesar da opção de descer para uma altitude onde a temperatura poderia ter ajudado a evitar o problema de gelo. Os registros técnicos da aeronave estavam atualizados, e o certificado de aeronavegabilidade estava válido. A aeronave era certificada para voos em condições de gelo e os pilotos tinham treinamento específico para essas condições.
O relatório final do Cenipa ainda não tem uma data definida para divulgação, mas é esperado que seja concluído dentro de um ano. Enquanto isso, a investigação continuará a explorar fatores humanos e técnicos que possam ter contribuído para o acidente.
A Polícia Federal também está conduzindo uma investigação paralela para identificar possíveis responsabilidades e realizar diligências adicionais. Imagens do acidente mostram que o avião estava em voo de cruzeiro quando perdeu sustentação e caiu em uma trajetória vertical em espiral, conhecida como "parafuso chato", sugerindo que o gelo pode ter afetado a capacidade de voo da aeronave.
Antes da divulgação do relatório à imprensa, o Cenipa se reuniu com as famílias das vítimas para informá-las sobre os detalhes da investigação. O acidente, que envolveu um ATR-72 com 57 passageiros e 4 tripulantes, não teve sobreviventes. A análise da caixa preta da aeronave também está em andamento.
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