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PolĂ­cia

Seis vereadores são presos por fraudes no município de Carmo

Por Wanessa Dias 05/08/2021 às 11:58:48

Foto: Divulgação

Oito pessoas foram presas na terceira fase da Operação Chorume deflagrada hoje (5). Nesta fase foram expedidos 11 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão contra integrantes de uma organização criminosa que fraudava licitações na ĂĄrea de limpeza urbana no municĂ­pio de Carmo, na Região Serrana do Rio. A operação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério PĂșblico do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Promotoria de Justiça de Carmo, em parceria com a 112ÂȘ DP da PolĂ­cia Civil do Rio.

Seis vereadores tiveram a prisão preventiva decretada na nova denĂșncia apresentada à Justiça contra 23 pessoas e duas empresas ligadas ao esquema fraudulento. Os parlamentares foram apontados por não fiscalizarem os contratos e aprovarem matérias de interesse do grupo criminoso. Em troca receberiam propina. Os mandados foram expedidos pela 1ÂȘ Vara Criminal Especializada da Capital. A ação tem o apoio da Coordenadoria de Segurança e InteligĂȘncia do Ministério PĂșblico (CSI/MPRJ).

De acordo com o MP, um ex-prefeito preso na segunda fase da operação estĂĄ entre os integrantes da organização criminosa denunciados por crimes contra a lei de licitações, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Também fazem parte do grupo, empresĂĄrios e integrantes dos poderes Executivo e Legislativo. A estimativa do MP é de que, até o momento, o grupo é responsĂĄvel por um prejuĂ­zo de R$ 40 milhões ao ErĂĄrio. A esse valor poderão ser somadas outras quantias relacionadas a contratos ainda sob investigação.

Segundo a denĂșncia, duas empresas conseguiram contratos superfaturados de limpeza urbana com o municĂ­pio, durante o perĂ­odo em que o ex-prefeito esteve no cargo entre 2017 e 2020, por meio do pagamento de propina a agentes pĂșblicos.

Executivo

O ex-prefeito, na condição de chefe do Executivo, era responsĂĄvel por todas as decisões relacionadas aos contratos do grupo. O MP considera que ele é o lĂ­der do nĂșcleo que integrava o Poder Executivo. De acordo com as investigações, ele "pactuou o recebimento mensal de 10% a tĂ­tulo de propina, em contrapartida à contratação e à realização do pagamento das notas dos contratos titularizados pelas empresas pertencentes ao braço empresarial da organização criminosa".

Ainda no esquema, o ex-secretĂĄrio de Meio Ambiente, preso na primeira fase da operação, era um dos principais braços do grupo dentro da prefeitura. Os contratos fraudulentos eram ligados diretamente à sua pasta e como responsĂĄvel pela fiscalização fazia "vista grossa" para a falta de cumprimento. Um outro ex-secretĂĄrio de Meio Ambiente, que ocupou o cargo entre 1Âș de janeiro de 2020 e 31 de dezembro do mesmo ano, beneficiava uma empresa do setor. O MP disse que ele negligenciava a fiscalização do contrato, atuando de forma permissiva com relação ao grupo empresarial.

JĂĄ o ex-secretĂĄrio de Fazenda teve a prisão decretada por liberar ou cercear pagamentos às empresas do grupo de forma arbitrĂĄria, em função do recebimento de propinas que eram entregues pelas empresas.

Vereadores

Desde a primeira fase da operação uma vereadora permanece em prisão domiciliar. Outros oito foram denunciados por receberem uma espécie de mesada de integrantes da organização para não fiscalizarem devidamente as despesas relacionadas aos contratos fraudulentos.

As investigações concluĂ­ram ainda que, além disso, ao receberem pagamentos indevidos, eles facilitavam a aprovação na Câmara de Vereadores de matérias de interesse das empresas do grupo. Uma dessas ocasiões foi durante a sessão legislativa de 14 de dezembro de 2020, quando cinco desses vereadores "aprovaram a abertura de crédito adicional suplementar, com o objetivo de viabilizar pagamentos à Forte Ambiental".

Apesar de a Justiça ter mantido a prisão domiciliar da vereadora e outros cinco parlamentares terem a prisão preventiva decretada, ao serem reeleitos, eles continuam no exercĂ­cio do cargo que, segundo o MP, "lhes permitiu o enriquecimento ilĂ­cito". Outros dois jĂĄ não ocupam os cargos na Câmara Municipal de Carmo, mas por terem integrado a organização por longos anos, tiveram a prisão preventiva solicitada "para que não usem seu poder e influĂȘncia para interferir em prol do grupo".

EmpresĂĄrios

O MP informou ainda que dois empresĂĄrios irmãos denunciados junto com a mãe, presos na segunda fase da operação, "exerciam o comando do nĂșcleo empresarial da organização criminosa". Um deles liderava o grupo, coordenando as atividades dos comparsas, relacionadas, entre outras manobras, a crimes de corrupção, de peculato e de lavagem de dinheiro por meio da realização de investimentos em cripto ativos de difĂ­cil rastreio. "Os trĂȘs atuavam no municĂ­pio desde 2016, com objetivo de obter vantagens espĂșrias em contratações pĂșblicas". Nessa época, eles apoiaram financeiramente a campanha de reeleição daquele ano do ex-prefeito envolvido.

Outros dois empresĂĄrios desempenhavam funções semelhantes na organização. Em perĂ­odos distintos, como sócios minoritĂĄrios, foram beneficiados nas fraudes licitatórias. Os dois, que permanecem presos, ajudavam a mãe dos outros empresĂĄrios "na gestão da empresa e na montagem dos processos fraudulentos de pagamentos, que seriam posteriormente enviados à prefeitura".

O esquema incluĂ­a dois laranjas que forneciam seus dados para que "a famĂ­lia criasse empresas de fachada que seriam utilizadas para a lavagem de capitais, assim como para abertura de contas bancĂĄrias em seus nomes, possibilitando que a organização dissimulasse a localização dos recursos angariados por meio das prĂĄticas criminosas". Outro empresĂĄrio, que teve a prisão decretada, desempenhava o papel de branqueador do produto dos contratos superfaturados operados pelo grupo. Com os seus conhecimentos como trader e operador de cripto ativos, ele investia os recursos obtidos nos negócios ilegais, dificultando o rastreio e a localização dos valores.

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