O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou, nesta quarta-feira (4), processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O motivo é o fato do filho de Jair Bolsonaro, em abril, ter debochado da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão na ditadura militar.
O processo foi aberto a partir de representações protocoladas pelo PT, PCdoB, PSOL e Rede, que pedem a cassação do parlamentar. A bancada petista, por exemplo, diz em sua ação que Eduardo Bolsonaro fez "apologia à tortura e à ditadura militar, numa postura de intolerância e ódio dentre tantos que vĂȘm pautando a trajetória polĂtica do deputado".
Os deputados Mauro Lopes (PP-MG), Pinheirinho (PP-MG) e Vanda Milani (Pros-AC) foram sorteados como possĂveis relatores do caso. Cabe ao presidente do Conselho, Paulo Azi (União Brasil-BA) escolher qual deles ficarĂĄ responsĂĄvel pela relatoria e, então, um relatório preliminar deverĂĄ ser produzido. Caso este relatório preliminar seja aprovado, o processo segue adiante.
"GravĂssimo", diz membro do Conselho
Integrante do Conselho de Ética, o deputado federal Léo de Brito (PT-AC) afirma que seu partido não aceitarĂĄ que Eduardo Bolsonaro não seja punido.
"É uma declaração horrenda, apologia aos crimes de tortura na ditadura militar. É uma prĂĄtica recorrente não só dele, mas da famĂlia Bolsonaro. Isso tem que ser repelido, é contrĂĄrio ao decoro parlamentar", disse em entrevista à Fórum.
"O que não vamos aceitar é que não tenha penalidade, como tem sido praxe, infelizmente, no Conselho de Ética. É uma situação gravĂssima, estamos pedindo a perda do mandato parlamentar", prosseguiu.
Relembre o caso
No inĂcio de abril, Eduardo Bolsonaro atacou a jornalista MĂriam Leitão em razão de um artigo em que a colunista de O Globo aponta que o ex-presidente Lula (PT) não pode ser igualado ao presidente Jair Bolsonaro (PT) por ter atuado devidamente como um lĂder democrĂĄtico. O deputado reagiu debochando da tortura sofrida pela jornalista, reforçando o carĂĄter fascista do clã Bolsonaro.
"Ainda com pena da cobra", escreveu Eduardo em seu perfil oficial no Twitter. A postagem faz referĂȘncia à tortura sofrida pro MĂriam Leitão durante a ditadura militar. GrĂĄvida, a jornalista foi colocada nua em um quarto escuro junto com uma cobra jiboia.
A postagem repugnante veio após MĂriam publicar o artigo "Ănica via possĂvel é a democracia". "Como escrevi neste espaço em maio de 2021, não hĂĄ dois extremistas na disputa, mas apenas um, Jair Bolsonaro. Semana passada, novamente, Bolsonaro provou que ele é um perigo para a democracia", disse.
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Fonte: Brasil de Fato