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Cidades

Banco de Leite do HUAP tem primeiro semestre de 2020 melhor que o de 2019

Hospital teve um aumento de 33% na quantidade de leite humano coletado no período

Por Wanessa Dias 11/08/2020 às 17:06:27

Foto: Divulgação

Agosto dourado é a denominação do mês dedicado à amamentação, sendo mais uma forma de lembrar a importância deste ato tanto para a mãe, quanto para o bebê. E em 2020, ele pode ser comemorado por mais um motivo: o Banco de Leite do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) teve um primeiro semestre melhor que o mesmo período de 2019. Apesar da pandemia de coronavírus, o hospital aumentou em 33% a quantidade de leite humano coletado de janeiro a junho deste ano. Além disso, foram 15,5% a mais de doadoras nos seis meses iniciais.

O Banco Professora Heloisa Helena Laxe de Paula funciona desde 2003 no HUAP, com apoio da Associação dos Colaboradores (ACHUAP). Todo o leite recebido é destinando à sua UTI neonatal. No primeiro semestre de 2020, a média foi de 40 doadoras de leite humano por mês, totalizando um estoque de 220,9ml recebidos. Desses, 35,1ml foram distribuídos para 43 receptores. A enfermeira e subcoordenadora do Banco de Leite do hospital, Bertilla Riker, explicou como foi feito o atendimento, em tempos de Covid-19, e ressaltou a importância das campanhas na mídia como forma de divulgar e sensibilizar as doadoras:

- Durante a pandemia, muita coisa teve que mudar na maneira de lidar com as doadoras e mulheres com problemas de lactação. Os atendimentos passaram a ser por chamada de vídeo, e, a fim de segurar as doadoras e a equipe das rotas, foram necessários cadastros por telefone e coletas de sangue para controle, em datas pré-definidas e com uso completo dos EPIs. As campanhas são a melhor ferramenta para divulgação e sensibilização. Este ano, aumentaram os espectadores em relação aos anos anteriores, pois as pessoas estão mais receptivas, em casa, observando e esperando tudo mudar.

Normalmente, o contato para se tornar uma doadora pode ser feito de duas formas: por telefone ou com a ida da mulher pessoalmente ao banco de leite. Devido à pandemia, os atendimentos em grupo foram suspensos para evitar aglomerações. No ano passado, foram 13 deste tipo contra apenas um este ano, em janeiro, antes de a pandemia explodir no Brasil. Os atendimentos individuais no hospital também diminuíram, principalmente entre abril e junho. Em compensação, as visitas domiciliares, também chamadas de rotas, tiveram um aumento de 332 em 2019 para 473 em 2020. Os dados foram fornecidos pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.

Como doar para o Banco de Leite do HUAP?

Caso a mulher esteja com grande produção, a ponto de jogar leite fora, ela pode fazer a doação. Porém, apesar da vontade de ser uma doadora, não é qualquer mulher que está apta. Para doar, não pode ter nenhum problema de saúde ou tomar medicamentos. A seleção é feita a partir de exames atualizados com um mínimo de seis meses. As que não podem doar são: com anemia; com plaquetas ou leucócitos baixos; com HIV; com hepatite; e que tenha tido sífilis anteriormente. Segundo Bertilla, os bancos de leite humano são uma importante política de saúde voltada para o atendimento à saúde do bebê e da mãe:

- Eles necessitam de suporte para melhorar as condições de prática do aleitamento materno. Além disso, o banco executa ações de coleta, seleção e processamento de controle de qualidade do leite recebido em doação para melhor atender a demanda dos bebês, principalmente os prematuros. Quanto à mulher, é no período puerperal que comumente as mulheres detectam problemas referentes a dificuldades de amamentar, e acabam muitas vezes realizando de maneira inadequada, o que pode levar aos transtornos de lactação.

O Banco de Leite do HUAP realiza um cadastro e pede alguns exames padrões para avaliação de saúde. Após esse contato inicial, uma equipe especializada irá acompanhar todo o processo de aleitamento materno. As mulheres interessadas podem entrar em contato no telefone (21) 2629-9234, das 8h às 13h. O hospital também aceita e precisa de doação de potes de vidro com tampas vedantes para armazenamento do material coletado, pois muitos acabam sendo encaminhados para as salas de apoio ao aleitamento e não retornam. Lembrando que, em tempos de pandemia, qualquer sintoma gripal também deve ser informado.

- O ideal seria que todas as unidades de atendimento materno infantil tivessem um banco, mas dentro da Região Metropolitana II há somente o do HUAP. Para descentralizar as ações, foram criadas as salas de apoio ao aleitamento materno nas Policlínicas e uma referência em alguns municípios da região. O ideal seria repassarmos o leite destas salas para as unidades de referência próximas. Mas, infelizmente, nem sempre houve condições técnicas para essa realização. Então, todo o leite que pasteurizamos é consumido no HUAP mesmo -, complementa Bertilla.

Como é feito o processo de pasteurização?

Quando vem da doação, o leite humano tem que passar por um processo de seleção antes de ser enviado aos bebês. É a chamada pasteurização, que elimina 99,9% de vírus e bactérias. A técnica em nutrição do HUAP, Marcia Regina, explica que o leite deve estar dentro do prazo de validade de 15 dias, além de ter a embalagem intacta. A cor deve ser branca, amarelada ou verde clara. Qualquer um com tonalidade marrom ou com alguma sujidade precisa ser descartado, pois pode conter sangue ou medicação. O leite deve sair da casa da doadora congelado e chegar ao banco de leite da mesma forma, quando vai a 40 graus de temperatura e é feita a checagem sensorial.

- Após essa primeira análise, coletamos 5ml de cada vidro e três amostras para checar acidez e teor de gordura do leite. Passando por isso, trocamos para um vidro específico de pasteurização, que contém uma etiqueta com informações sobre volume, validade, caloria e acidez. O leite passa, então, pelo choque térmico: primeiro vai a 65 graus de temperatura e depois a 5 graus. Por fim, colhemos 4ml de amostra de cada leite, colocamos no tubinho do meio de cultivo e deixamos por 48h na estufa. Após esse tempo, caso tenha alguma contaminação, será desprezado. Caso não tenha, vai para o freezer dos pasteurizados. Só aí está pronto para ser utilizado -, pontua Marcia.

O tempo que o leite pode ficar armazenado após o processo de pasteurização é de seis meses. Após esse período, deve ser descartado. No entanto, como a demanda da UTI neonatal é grande, nunca sobra a este ponto. O que pode acontecer é faltar, em algumas épocas, quando tem pouca doação. A enfermeira Wanessa Audrey, que trabalha há três anos no Banco de Leite do HUAP, reitera a importância deste tipo de nutriente para os recém-nascidos: "a vantagem do leite humano é muito maior que a do industrializado. Então, é um trabalho fantástico esse de ajudar quando uma mãe, às vezes, não tem condição de tirar o suficiente para o filho dela".

Agosto dourado traz à tona importância do aleitamento materno

O mês de agosto é dedicado às ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. O dourado está relacionado ao padrão ouro de qualidade do leite humano. De acordo com a OMS, há evidências científicas de que o desmame precoce e a maior causa de morbimortalidade infantil. Dados mostram que o aumento na taxa de amamentação exclusiva salva cerca de 6 milho?es de crianc?as por ano no mundo. Para 2020, o tema da Semana Mundial do Aleitamento Materno é "Apoie o Aleitamento Materno por um Planeta Saudável".

- Os benefícios do aleitamento materno são muitos. Para o bebê: evita infecções, melhora o desenvolvimento cognitivo, evita doenças cardiovasculares e obesidade. Para a mãe: evita câncer de mama e de ovário, diminui riscos de hemorragia no pós parto e faz com que volte ao peso normal no período puerperal. Além disso, é econômico para a família, pois reduz gastos tanto com a saúde, quanto com o uso de substitutos do leite materno. É importante dizer que, para os bebês prematuros, o leite humano é mais que um alimento, é um tratamento -, finaliza Bertilla.

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