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PolĂ­tica

Marielle: deputados pedem vista e adiam análise sobre prisão de Brazão

Parlamentares alegam que precisam de mais tempo para avaliar

Por Wanessa Dias 26/03/2024 às 19:50:23

Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pediram vista e adiaram, por duas sessões, a votação sobre a prisão preventiva do deputado federal Chiquinho Brazão (RJ), detido no último domingo (24) acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Como Brazão é parlamentar federal, a prisão precisa ser aprovada pela maioria absoluta da Câmara dos Deputados. O relator do caso na CCJ, deputado Darci de Matos (PSD-SC), defendeu que a prisão respeitou as exigĂȘncias constitucionais que dizem que a detenção de um parlamentar só pode ser feita em flagrante e por crime inafiançĂĄvel.

Os deputados federais Gilson Marques (Novo-SC) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram vista para analisar se a prisão preventiva foi legal, argumentando que não tiveram tempo de avaliar o relatório da Polícia Federal, a decisão de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o relatório de Darci de Matos.

"O deputado estĂĄ preso. Qual é a pressa? Qual é a pressa? Nós precisamos dormir com a cabeça no travesseiro para ter certeza de fazer a coisa certa", argumentou Gilson Marques.

O parlamentar Roberto Duarte também saiu em defesa do pedido de vista. "Nós precisamos avaliar a questão da prisão preventiva decretada pelo Supremo Tribunal Federal. Nós observamos ainda, na imprensa nacional, que não existem provas cabais e que não houve sequer o contraditório. Nós precisamos defender o contraditório sempre e o devido processo legal", afirmou o deputado.

Críticas

O pedido de vista foi criticado por parlamentares que defenderam a anĂĄlise imediata do caso. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RJ) sustentou que era preciso dar uma resposta ao Brasil ainda nesta terça-feira (26).

"Porque saindo da CCJ, a manutenção da prisão tem que ir ao PlenĂĄrio. E o Brasil espera que um deputado investigado, aliĂĄs, preso por ser mandante do assassinato, de uma vereadora negra, assassinada, que hĂĄ seis anos espera por justiça, seja votado hoje", afirmou.

"Atrasar a votação da prisão do Chiquinho e, ao mesmo tempo, atrasar a votação da cassação dele, significa passar pano para miliciano e dar salvo conduto para que esses que não existem sem os tentĂĄculos do Estado sigam tentando se defender", completou.

Questão de ordem

Antes da leitura do parecer do relator, parlamentares apelaram para que não fosse dado o pedido de vista para não atrasar a anĂĄlise da Câmara dos Deputados sobre a prisão de Chiquinho Brazão.

O deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA) apresentou questão de ordem defendendo que, no caso de matérias em carĂĄter de urgĂȘncia, o pedido de vista pode ser dispensado. Como alternativa, Rubens ainda sugeriu que o pedido de vista fosse de uma sessão, e não duas, como prevĂȘ o regulamento da Casa.

"Se a vista for por uma sessão, amanhã a CCJ se reúne e amanhã o plenĂĄrio da Câmara dos Deputados aprecia a prisão. Deixar para o dia 10 de abril é um escĂĄrnio para a sociedade brasileira", disse.

A presidente da CCJ, a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), rejeitou a questão de ordem, dizendo que o pedido de vista é um direito dos deputados.

"Nós discutimos por mais de uma hora e buscamos um acordo para tentar votar a matéria hoje, mas vĂĄrios parlamentares, que são advogados e zelam pelo devido processo legal, estão muito preocupados com os requisitos constitucionais da prisão, independentemente do mérito", afirmou.

A presidente da CCJ, a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), rejeitou a questão de ordem, dizendo que o pedido de vista é um direito dos deputados.

"Nós discutimos por mais de uma hora e buscamos um acordo para tentar votar a matéria hoje, mas vĂĄrios parlamentares, que são advogados e zelam pelo devido processo legal, estão muito preocupados com os requisitos constitucionais da prisão, independentemente do mérito", afirmou.

A presidente da comissão acrescentou que, como o processo é um Comunicado de Medida Cautelar, ele não tem o mesmo carĂĄter das medidas legislativas com urgĂȘncia.

"Não se trata de uma matéria de carĂĄter legislativo, mas é uma comunicação de medida cautelar, tem outra natureza jurídica", justificou Caroline.

O deputado Rubens Pereira Júnior prometeu recorrer à Mesa Diretora da Câmara contra a decisão de conceder o pedido de vista.

Fonte: Agencia Brasil

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