Guardas Municipais de Niterói fizeram diversas denúncias exclusivas ao São Gonçalo RJ. Alegando péssimas condições de trabalho, os servidores também afirmam que não podem resolver as situações de segurança porque os superiores "não querem".

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Em toda a cidade, diversos usuários de drogas ganham mais espaço, enquanto a população perde. Fios são cortados para venda, moradores são roubados, casas são invadidas e pessoas correm risco de vida.

Na denúncia, guardas afirmam que, ao invés de se empenharem no combate à criminalidade, o foco dos superiores da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) é o combate aos vendedores informais. Segundo eles, a operação de nome " Operação Tolerância Zer" não é feita para a segurança, mas sim retira trabalhadores informais das ruas.

Além disso, guardas afirmam que há um desvio de função, pois estão realizando as atividades dos fiscais de postura, enquanto, segundo eles, a segurança acaba ficando à mercê da sorte.

Conforme apurado pelo São Gonçalo RJ, diversas operações contra possíveis irregularidades de comerciantes e trabalhadores de rua estão sendo feitas desde o ano passado, mas parece que a segurança piora a cada dia, principalmente no Centro, que está tomado por usuários de drogas e pessoas em situação de rua.

Um guarda, que por motivos óbvios não se identificou, disse que o foco do secretário de ordem pública e da gestão da prefeitura é o comércio e as multas, mas a segurança fica pior por conta da falta de investimento e do desvio de função.

"No dia 23 de fevereiro, um senhor foi morto após uma tentativa de roubo a uma estudante. Ele, infelizmente, foi atingido por duas facadas por um delinquente e teve sua vida ceifada. Eu te pergunto: onde estavam as forças de segurança pública municipal naquele momento? Estavam prendendo panos de prato? empadinhas da Dona Sula? cadeiras na praia? De qualquer forma, estavam impedidos de trabalhar, seja por falta de combustível ou de EPI 's", denunciou um guarda municipal.

Os guardas também denunciaram que, no pátio da SEOP, viaturas novas estão largadas e outras sucateadas. Além disso, o refeitório dos funcionários foi desativado durante a pandemia de Covid-19, e até hoje não funciona.

"Há muito tempo, o nosso refeitório não serve refeições. Era uma comida de qualidade e por um preço justo, que proporcionava a alimentação pra gente. A nossa estrutura foi desativada por ordem do secretário durante a pandemia, sob a justificativa de que era necessário evitar aglomerações para inibir a transmissão do vírus. A partir daí, a nossa estrutura nunca mais foi retomada", afirmou um outro guarda, que também preferiu não se identificar.

Ainda segundo os servidores, a todo o momento, guardas municipais se mostraram indignados por levarem a culpa da população que acaba não compreendendo os desafios da guarda, exatamente "por não saberem a verdade".

"Sempre vemos publicações denunciando os rolezinhos de motos, cracudos andando com faca e tudo mais, enquanto muitos afirmam que só servimos para aplicar multas. Mas, como agiremos? Recebemos ordem! As ordens parecem ser contrárias à população. Enquanto tiramos a tia do pano de prato da rua, um cracudo assaltou um jovem exatamente em um local que falta o guarda", disse um dos guardas.

A denúncia foi protocolada no Ministério Público que irá investigar o caso

Procurada, a Prefeitura de Niterói não havia se pronunciado sobre a denúncia até a publicação desta matéria.

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