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Após ataque de pitbulls, recuperação de escritora surpreende médicos

Ao voltar para casa, Roseana Murray planeja celebrar com a família e, se os médicos deixarem, com uma "tacinha de vinho"; também quer aprender a escrever com a mão esquerda para autografar seus livros

Por Redacao 15/04/2024 às 17:25:26

Foto: Reprodução

"Eu quero viver!". Essas foram as primeiras palavras da escritora Roseana Murray à família, ainda acordando no CTI, após a cirurgia que salvou sua vida no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A frase, dita ainda com dificuldade, foi uma resposta à família reunida à sua volta, no leito do Centro de Terapia Intensiva (CTI). Aflitos, sem saber se ela resistiria e temendo o pior, os parentes lhe disseram que estavam todos ali ao seu lado e, se precisasse, poderia descansar em paz. Mas ela tinha outros planos. O ataque sofrido por três cachorros da raça pitbull, em 5 de abril, em Saquarema, na Região dos Lagos, não era o fim, mas o início de mais um capítulo da sua história.

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No hospital, referência em atendimentos de traumas de alta complexidade no estado, a recuperação da escritora de 73 anos tem sido uma grata surpresa para a equipe médica. Como o rosto foi uma das partes mais atingidas, por enquanto, ela prefere não aparecer. "Escrevo livros infantis e não sei como as crianças irão reagir", explica. Mas, à exceção dos pontos, que ainda não foram removidos, não há mais sinais da brutalidade do ataque na face. Nada de inchaços nem hematomas. E esse está longe de ser o único motivo de admiração de quem a encontra. Os sorrisos que distribui são de uma pessoa grata pela nova chance e determinada a vencer os desafios. Não serão nada fáceis. E Roseana sabe disso.


A cicatrização melhor e mais rápida do que a média também chama a atenção da equipe do Alberto Torres. A atuação da equipe de cirurgia plástica, que participou do tratamento desde os primeiros momentos no hospital, é um dos motivos para isso. Em casos como o de Roseana, profissionais de diferentes especialidades médicas trabalham em conjunto no centro cirúrgico, para que o paciente tenha mais chances de resistir aos traumas e uma recuperação mais rápida.


"Os cirurgiões fizeram um excelente trabalho. Em casos assim, é normal a vítima ficar uma semana intubada, com respiração mecânica. Mas pudemos retirar o respirador dela em menos de 36 horas. Em dois dias, voltou a comer e, no quarto, já começou a fisioterapia. É mesmo uma recuperação surpreendente, ainda mais para a idade dela", avalia o médico intensivista Matheus Vaz, que acompanha Roseana. "Para isso, foi fundamental o atendimento rápido. Ela chegou de helicóptero e foi direto para o centro cirúrgico, onde uma equipe multidisciplinar a esperava, pronta para fazer o atendimento. Depois da cirurgia, já no CTI, quando começamos a tirar sedação, ela acordou de forma muito tranquila. Geralmente, os pacientes se agitam por causa das dores e temos que retornar com os sedativos. Com ela, isso não foi necessário", comemora.



"Ela chegou mordida dos pés à cabeça e perdeu muito sangue. Só não teve uma hemorragia mais intensa porque as mordidas, ao mesmo tempo em que cortaram, comprimiram os vasos sanguíneos, facilitando a coagulação. O principal desafio foi estabilizá-la rapidamente, para depois começar o trabalho de reparação e reconstrução. Tivemos que reconstruir o rosto dela, tanto estética quanto funcionalmente", explica o médico Tarcísio Encinas, coordenador da equipe de cirurgia plástica. "Receber pacientes com mordidas de cachorro não é novidade para a gente, mas nunca com tantas lesões e tão espalhadas pelo corpo. Foram três animais ao mesmo tempo. E a cicatrização dela tem sido melhor e mais rápida do que a média", complementa o cirurgião plástico Leonardo Freitas.


Durante a cirurgia de quatro horas, realizada por sete médicos, os cirurgiões tiveram que tomar a difícil decisão de amputar-lhe o braço direito. "Eles me explicaram que troquei um braço por uma vida. Agora vou ter que aprender a escrever com a mão esquerda para autografar meus livros!", diz a escritora. "E quero saber quando os médicos vão me liberar para tomar uma tacinha de vinho para eu comemorar em casa com a família."


Por conta dos remédios, o vinho deve ter que esperar um pouco mais, mas a festa em casa talvez seja já no fim de semana. Se o restabelecimento da paciente continuar em ritmo tão acelerado, os médicos calculam que ela poderá ter alta nos próximos sete dias.


O filho Gustavo, de 50 anos, agradece o tratamento de toda a equipe do hospital, que conta ainda com apoio psicológico para os pacientes e as famílias pelo menos três vezes por dia. "O cuidado que minha mãe vem recebendo aqui a gente não vê em muito hospital privado. E a prontidão da equipe médica, com tantos especialistas diferentes disponíveis de imediato, fez toda a diferença no caso dela. Eu sempre fui entusiasta do SUS e, agora, ainda mais", diz o músico Gustavo Murray, filho da escritora. "Que ela possa continuar a semear e espalhar beleza e delicadeza que é o seu sentido da vida".

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