O CHEIRO DAS ÁGUAS

É possível ter fé em momentos difíceis?

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"Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos. Ainda que envelheça a sua raiz na terra, e morra o seu tronco no pó, contudo ao cheiro das águas brotará, e lançará ramos como uma planta nova" (Jó 14.7-9).

Como vencer as circunstâncias difíceis que a vida nos apresenta? O patriarca Jó, que perdeu tudo o que tinha: dinheiro, família e a saúde, porque foi provado severamente por Deus é um grande exemplo para nós, pois mesmo passando por uma situação dificílima, ele não desistiu (Jó 13.15). Jó não olhou para o tamanho dos seus problemas, pois ele tinha um olhar espiritualmente disciplinado: olhou somente para o tamanho do seu Deus, e terminou sua vida feliz, pois Deus restituiu-lhe com generosidade tudo o que havia perdido.

Muitas vezes, nós também passamos por desertos e achamos que Deus não está nos vendo. Contudo, isto não é verdade! Mais uma vez, cito o exemplo de Jó. No momento mais difícil da vida do patriarca, ninguém apareceu para ajudá-lo, mas apenas para criticá-lo. Ainda assim ele não se deu por vencido – sabia o tamanho do Deus que servia (Jó 12.4).

E quantas vezes somos alvo da zombaria do mundo? Vistos como árvores infrutíferas, cortam-nos o tronco e o lançam sobre a terra. Então somos feridos, humilhados, descartados e abandonados. Mas Deus continua sendo maravilhoso para conosco.

O homem vê apenas o exterior, mas Deus sonda a profundidade de nossas intenções, sentimentos e pensamentos. Em suma, Ele vê onde os olhos humanos não conseguem penetrar. O tronco da árvore seca pode estar cortado sobre a terra, mas Deus está vendo a sua raiz. Ainda que envelhecida, ela existe; portanto, há esperança para a árvore cortada e seca.

O nosso Deus traz à existência o que não existe. Quando as águas do trono divino descem até as raízes envelhecidas, há um renovo. O que estava morto volta a viver. O que era infrutífero começa a produzir frutos. Para o que não havia mais esperança, viceja a vida.

Portanto, não importa o que esteja acontecendo com você, se foi abandonado, desprezado, injuriado ou humilhado – se está como uma árvore seca, cortada e jogada sobre a terra. Não desanime! Em Deus há esperança para você.

As águas do avivamento procedentes do trono de Deus podem penetrar no mais profundo do seu coração e trazer cura às raízes secas da sua vida espiritual vazia de significado. Então haverá renovo espiritual, novos ramos, novos frutos e nunca mais você será visto como alguém desprovido de valor.

MUDE O FOCO DA SUA VISÃO

Uma das estratégias mais terríveis do diabo é consolidar a visão da morte espiritual na mente e no coração das pessoas. Ele sabe que, por meio dessas imagens nefastas, conseguirá minar a fé e a esperança de muitos, inclusive dos de dentro da própria Igreja de Jesus.

Às vezes parece que tudo à nossa volta contribui para a consolidação da incredulidade e da desesperança. Muitas vezes ouvimos palavras que até descrevem com precisão a nossa realidade existencial, mas elas não nos consolam. Nesses momentos, precisamos nos firmar na fé e na esperança de que o nosso Deus não falhará.

Por isso, jamais fique paralisado com as visões de derrota e de morte. Isso só exalta e alegra o coração de Satanás. Levante-se como Jó e declare que o seu Redentor vive e por fim se levantará em seu favor (Jó 19.25).

TRIBULAÇÕES GERAM ESPERANÇA

Em Romanos 5.3-5, lemos que as tribulações produzem perseverança, a perseverança produz experiência e a experiência produz a esperança. Assim, a esperança é o resultado final da nossa experiência cristã, que é adquirida através da nossa perseverança no tempo das tribulações. O que o diabo geralmente faz é nos incitar a não perseverarmos diante das tribulações – ele nos atinge com a frustração, o desânimo e a desistência. Com isso, ele nos rouba o privilégio de ser experimentados no Senhor.

Só a experiência com o Senhor gera esperança em nós. Na hora das tribulações, precisamos nos firmar em Cristo para que a esperança nasça em nossos corações e vejamos a glória do Todo-poderoso.

AO CHEIRO DAS ÁGUAS SUA VITÓRIA BROTARÁ!

Diz a Palavra que há esperança de renovo para uma árvore, ainda que ela tenha sido cortada. Diz mais: "ainda que a sua raiz envelheça na terra e o seu tronco morra no chão, ao cheiro das águas brotará". Eis aqui uma tremenda declaração de fé nas promessas de Deus!

Todos à sua volta podem tentar roubar a sua esperança, insistindo em dizer que você chegou ao fim da linha, ao fundo do poço; mas o Espírito Santo afirma, em nosso coração, que o fim não chega enquanto Deus não der a última palavra. Então, há esperança de vida e renovo para os que creem. Somos árvores plantadas por Deus e, segundo Ele, há esperança para nós! Ao cheiro das águas vivas procedentes do Espírito Santo de Deus, a triste realidade mudará. Aleluia!

Muitos já se viram cortados ou mortos em muitas áreas da vida; outros já se definiram como os que estão com as raízes envelhecidas, cansadas e incapazes de firmar-se na terra da promessa e da vitória final garantida por Jesus. Mas o Senhor diz que não devemos perder a esperança – "ao cheiro das águas" tudo mudará.

Basta o cheiro das águas e você prosseguirá na fé. Jó teve esse entendimento. Por isso a sua esperança foi avivada. E com muita propriedade pôde dizer:

"Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova" (Jó 14.7-9).

Essas são palavras de quem viveu a experiência da sequidão, do estio, da falta de vigor daí decorrentes. Jó sabia que a sua alma precisava de um bálsamo, da água viva proveniente do trono da graça. Bastava-lhe o cheiro que anunciava a chuva, antes mesmo da queda do aguaceiro, para que a sua esperança fosse alimentada novamente.

No Salmo 126.4, o salmista diz: "Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe". Ele ansiava por renovo e, lembrando que as torrentes no Neguebe são abundantes na época das chuvas, queria semelhantemente seu ser inundado com as águas do Espírito. Outro exemplo desta realidade abundante de vida é o usado pelos filhos de Coré, no Salmo 42.1-3. Eles se comparavam às corsas, que suspiram por correntes de águas. Nessa situação esses animais chegam a urrar procurando o precioso líquido. Que imagem poderosa! Assim como elas, os filhos de Coré estavam sedentos de Deus, e diziam: "quando irei e me verei perante a face de Deus?".

Todos passam por períodos de verdadeiro deserto na vida. Nessas horas, o cansaço logo vem dificultando o sorriso e o ânimo para qualquer atividade. As causas para isso podem ser diversas e, às vezes, inimagináveis. Mas não inevitáveis. O próprio Jesus disse que no mundo passaríamos por aflições (Jo 16.33). Elas estão ainda aí nos surpreendendo como golpes certeiros. Perdemos o chão, o semblante cai, vem o choro e a vontade de não mais existir. Alguns até se desesperam, enquanto outros não conseguem reagir e ficam inertes, morrendo por dentro.

Mesmo que você esteja no deserto, saiba que Jesus é a água viva e abundante, que jamais cessará (Jo 4.13,14; cf. 7.38). Ele é quem verdadeiramente sacia a nossa sede em meio ao deserto de incertezas e aflições. Creia – Jesus está sempre por perto. Sinta o cheiro das águas, prenúncio de chuva e salvação. O Senhor é a esperança para o ferido na alma.

Há um ditado popular que afirma o seguinte: "A esperança é a última que morre!". Este provérbio popular contraria o princípio bíblico exposto em 1Coríntios 13.13, que afirma categoricamente que a esperança não morre, mas permanece para sempre. E isso vem ao encontro dessa verdade: "Cristo é a nossa esperança, porque Ele venceu a morte".

AS TRIBULAÇÕES E A FÉ

Nas horas de tribulação ou provação, em meio à angústia e o desespero, quando as circunstâncias adversas parecem ser maiores que a nossa fé, podemos nos sentir derrotados, impotentes e sem esperança. Foi assim com Jairo, quando recebeu a notícia de que a sua única filha havia morrido. Chegaram até a dizer que nem adiantava mais Jesus ir até ela (Mc 5.35). O mesmo aconteceu com Marta, quando seu irmão Lázaro adoeceu e morreu quatro dias antes de Jesus chegar a Betânia (Jo 11.17).

Devemos crer que o Senhor está no controle. Ele tem um plano e, assim como disse a Jairo, hoje também diz a você: "Não tenhas medo, confia em mim". Na língua hebraica, crer é o mesmo que confiar. A palavra emunah, traduzida geralmente em nossas Bíblias como fé, tem essa dimensão de segurança e confiança em Deus. Não há espaço na Bíblia para o conceito de fé cega. Nós cremos porque confiamos em Deus; e nós confiamos nele porque mantemos um relacionamento com Ele através de Jesus (Rm 5.1). Em nada essa atitude se compara àquilo que é feito às cegas.

E qual o resultado dessa confiança? À filha de Jairo Jesus ordena que se levante. A menina faz isso de imediato e começa a andar. Ela estava morta! Mas a esperança trouxe-lhe vida. Marta sabia disso quando disse: "Senhor, se cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. Mas eu sei que mesmo agora não é tarde demais, pois tudo o que pedirdes a Deus, ele te dará" (Jo 11.21,22).

Há um propósito elevado para todas as circunstâncias da vida humana, inclusive para as provações. Portanto, o Senhor diz: "aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (Sl 46.10). O Senhor quer reverter as suas adversidades em bênçãos.

Quando soube que Lázaro havia adoecido, Jesus disse que sua doença não era para morte, mas para a glória de Deus. E que Ele, o Filho de Deus, receberia a glória resultante daquela enfermidade. Então Lázaro ressuscitou e muitos judeus que presenciaram este milagre creram em Jesus. Da mesma forma, hoje o Senhor o convida a declarar que a adversidade pela qual você está passando não é para a sua morte espiritual, mas para manifestar a glória de Deus.

Há esperança! Sinta o cheiro das águas...

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DEIVINSON BIGNON é Pastor Congregacional, mestre em Ciências da Religião, teólogo, professor de Hebraico Bíblico e Exegese Bíblica, escritor, integrou a equipe de revisores da Bíblia de Estudo Mathew Henry e é publisher da Editora Contextualizar, com vasta experiência em publicação para autores evangélicos iniciantes.